Crença, orientação sexual, etnia, gênero
religião. Nos diferenciamos uns dos outros por uma série de fatores. Mas eles
não podem justificar ações intolerantes, como a que aconteceu na semana
passada, nos Estados Unidos. O episódio do massacre na boate gay Pulse, em
Orlando, acende o debate: será que seu filho está sendo preparado para entender
e, principalmente, respeitar o espaço do outro? Como criar uma criança para não
ser intolerante e preconceituoso no futuro?
O maior desafio é como ensinar esses
valores à criança de acordo com a idade dela, sem deixar de ser realista,
alerta a pedagoga Mara Zanotti. “É preciso explicar o que está passando na
televisão. Mas isso precisa ser feito com cuidado, para que a criança
compreenda, mesmo que do jeitinho dela. Ela deve entender que não é certo
alguém ser vítima só por ter uma característica qualquer”.
E a melhor forma de ensinar o respeito
ao diferente é dando o bom exemplo naturalmente, sem criar “evento” para isso.
“Se eu não ando, se eu puxo a perninha ao andar ou se não enxergo, existe o
mesmo mundo lá fora para mim e para você”, afirma Mara, que lembra: não somos
iguais. “O pai deve ensinar que não somos iguais porque somos únicos. Mas que
as diferenças não são motivo para desrespeito”, orienta.
Experiência
Trocar ideias e aprender com outras
pessoas é o que fazem os membros do Grupo Escoteiro do Mar Ilha de Vitória.
Todos os sábados, eles se reúnem em Vitória para atividades ao ar livre
baseadas em seis pilares.
“Afetivo, social, físico, intelectual,
espiritual e de caráter. Todas as nossas atividades são pensando em um desses
métodos ou no conjunto deles”, afirma Richardson Murta, 23 anos, um dos chefes
do grupo.
Atividades e debates como a dos
escoteiros são fundamentais entre as crianças, para que elas trabalhem ao
máximo os valores que envolvem a convivência em grupo.
“Essa é uma questão básica para viver em
sociedade. Só que a criança aprende efetivamente com tudo o que está ao seu
redor”, afirma o psicólogo Luiz Romero Oliveira.
E para ensinar os valores corretos sobre
respeito, os pais também precisam estar sintonizados, alerta o psicólogo. “É
tão comum ver pais orgulhosos quando os filhos que mal sabem falar, já chamam
alguém de “gostosa”, por exemplo. Parece nada demais, mas é o início de uma
postura machista e agressiva”.
A pedagoga concorda. “A criança costuma
ver o outro com um olhar muito carinhoso. A dificuldade está muito mais no
adulto. É ele que causa estragos”.
O que você pode fazer pelos pequenos
Em casa
Dê o exemplo. A criança sempre vai
copiar o que os adultos fazem. Se o pai manda o filho ser bondoso, mas xinga o
morador de rua, cadê o exemplo? Assim não será possível cobrar boas atitudes do
seu filho.
Atitudes simples. Não é preciso inventar
moda com a criança. O bom exemplo vem no dia a dia. É esperar uma pessoa mais
velha com o elevador aberto, oferecer ajuda a quem precisa.
O diferente existe. Não é correto adotar
a lógica de que somos todos iguais. Se eu falo para uma criança branca que ela
é igual à negra, ela vai estranhar. Pois elas realmente são de cores
diferentes. Seu filho não está errado. Todos somos diferentes um do outro, em
cor, altura, peso, tudo. Então, o diferente existe e deve ser respeitado.
Na escola
Primeiro contato. A escola é o primeiro
local de contato com as diferenças, onde o respeito é essencial.
Entender o outro. Os professores podem
incentivar a experiência: dinâmicas ensinando a andar sem enxergar, a desenhar
com os pés e com a boca. Isso mostra que o mundo também é visto por outros
ângulos.
Fonte: escoteiros.org.br