A primeira escola do Rio de Janeiro foi ocupada pelos estudantes do Colégio Estadual Mendes de Moraes. O Esquerda Diário foi até lá para fazer a cobertura dessa ocupação dos estudantes que lutam por melhorias em sua escola, apoiam a greve dos professores e são contra os cortes de verba para a educação.
Desde fevereiro, quando os estudantes desse mesmo colégio começavam a se mobilizar nas ruas da Ilha do Governador em apoio a greve dos professores, a direção do colégio vem hostilizando os estudantes, impedindo sua organização e mobilização. Exemplos como chamar a policia na porta da escola para intimidar os alunos, tentativa da direção em não liberar os estudantes para os atos de rua e impedir que os estudantes fizessem assembleias no auditório do colégio.
Nesse sentido, a ocupação do Mendes alem de ser uma resposta ao corte do governador Pezão, também foi uma resposta a repressão realizada pela direção do mesmo colégio, que inclusive hoje, no primeiro dia de ocupação, chamou o Conselho Tutelar para desmobilizar a ocupação alegando que estudantes menores de idade não poderiam ocupar o colégio sem autorização dos responsáveis.
Segundo os estudantes entrevistados pelo Esquerda Diário, a escola também sofre de problemas estruturais devido aos cortes do governo como: falta de ar condicionado, superlotação das salas de aula (50 alunos na sala, sem ventilação apropriada), falta de professores e de funcionários como porteiros e inspetores, que foram demitidos e no lugar deles trabalhadores da limpeza que exercem essas funções.
Buscando ampliação do movimento de ocupações no Rio de Janeiro e no Brasil, o estudante Alessandro disse ao Esquerda Diário:
“Aqui tem infraestrutura, no Lavor (colégio da região) não tem, começou a tirar dali, daqui a pouco tira daqui e é importante que o colégio que tem infraestrutura se manifeste para mostrar que o movimento estudantil não é egoísta, pensamos no coletivo, não só no próprio umbigo(...) É importante que todo movimento participe(...) É uma coisa que os estudantes do Rio de Janeiro e do Brasil precisam.”
Os alunos estão mobilizados e já estão criando comitês de organização para dar conta da limpeza, segurança e espaços da escola, inclusive já estão recebendo mantimentos e colchões da população que apoia o movimento.
Nós, da Juventude Ás Ruas, damos total apoio a essa ocupação e viemos defendendo desde o inicio da mobilização estudantil a generalização das ocupações de escolas como método mais eficiente de luta para incomodar o governo Pezão e dar impulso a um movimento nacional e unificado contra os ajustes.
Essa ocupação é uma expressão da nova cara da juventude pós-junho de 2013, que adotou como método a radicalização para conseguir a vitória, como os estudantes de São Paulo fizeram ao ocupar suas escolas e as ruas contra o fechamento de suas escolas imposto pelo governador Alckmin. O que os estudantes do Mendes Moraes estão fazendo pode ser a faísca de um movimento combativo e unificado dos estudantes do Rio, que seja organizado de forma independente, com suas próprias pautas e que a partir disso inspire trabalhadores e estudantes de todo o país a lutar ocupando seus locais de trabalho, escolas e universidades contra os ajustes que vêm sendo implementados.