Seis anos de guerra na Síria causaram uma crise de saúde mental entre as crianças do país, segundo afirmou uma pesquisa da organização Save the Children divulgada nesta segunda-feira 6.
O estudo, que entrevistou mais de 450 crianças, pais, professores e psicólogos em sete regiões sírias, sugere que os bombardeios e a violência contínua no país fazem com que as crianças vivam num estado constante de medo, o que pode gerar uma condição conhecida como estresse tóxico.
Se não for tratado, o estresse tóxico infantil é capaz de impactar na saúde física e mental dessas crianças durante toda a vida adulta, aumentando o risco a longo prazo de suicídio, doenças cardíacas, diabetes, dependência de substâncias tóxicas e depressão, explica a organização internacional.
De acordo com o estudo, a pressão psicológica constante se manifesta de diferentes formas em crianças, como na perda da habilidade de se comunicar, por exemplo. Entrevistados também relataram aumento na autoagressão e nas tentativas de suicídio entre crianças de até 12 anos.
Metade das crianças afirmaram que não se sentem seguras na escola ou brincando na rua. Além disso, 49% das crianças sentem angústia e tristeza extrema sempre ou durante a maior parte do tempo, e 89% dos adultos disseram que seus filhos e alunos têm demonstrado mais medo e nervosismo.
A guerra na Síria completa seis anos na próxima semana, tendo causado mais de 300 mil mortes e deslocado pelo menos metade da população síria. Dois terços das crianças entrevistadas disseram ter perdido um ente querido, tido sua casa bombardeada ou sofrido ferimentos relacionados ao conflito.
A pesquisa também revelou que 51% das crianças recorreram às drogas para lidar com o estresse, e 71% passaram a urinar involuntariamente em público ou na cama, um sintoma comum do estresse.
"Esse é o resultado de seis anos de guerra, e é uma tragédia que não pode continuar", afirmou a presidente da Save the Children, Carolyn Miles, em comunicado divulgado pela organização. "Podemos eliminar o estresse tóxico que muitas crianças estão sofrendo se for interrompido o bombardeio em áreas civis e for possível levar ajuda humanitária e apoio psicológico a todos."
Fonte: Carta Capital
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