sexta-feira, 27 de maio de 2016

Medicalização é tema do 5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental


A medicalização da vida foi o tema da primeira roda de conversa realizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) durante o 5o Congresso Brasileiro de Saúde Mental, na tarde desta quinta (26), em São Paulo.
Carolina Freire, representante do CFP no Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, explicou a diferença entre os termos “medicamento” e “medicalização”. Segundo ela, a discussão proposta não é contrária ao uso do medicamento, mas defende o “cuidado de si” que o supera. Assim, a medicalização relaciona-se à lógica que busca causas orgânicas para problemas de diferentes naturezas e impacta diferentes dimensões da vida, como a educação (a exemplo do uso indiscriminado da ritalina), relações sociais, de trabalho, lazer e saúde (concretizada mais radicalmente na defesa do ato médico).
“Não é um movimento contra a medicina nem a descoberta de novos tratamentos, mas oposto à lógica organicista como modelo e à criação de novos diagnósticos a fim de atender a indústria farmacêutica”, afirmou.
Para Freire, a dinâmica da patologização da vida no âmbito da saúde mental gerou o abandono gradativo da história de vida do paciente, além da progressiva identificação da psiquiatria com a psicofarmacologia. “Houve um aumento de 400% na prescrição de drogas para bipolaridade infantil nos últimos anos, por exemplo”.
Arte como prática não medicalizante
O projeto de reabilitação psicossocial “Re-tratos da rua”, que utiliza a linguagem artística para trabalhar com pessoas atendidas pelos Caps AD e/ou Centro Pop. em Curitiba (PR), foi apresentado pela psicóloga e integrante da Comissão de Saúde Mental do Conselho Municipal de Saúde da capital paranaense Patrícia Folly. Consolidado a partir de um edital do Ministério da Saúde em 2013, o projeto envolve oficinas de fotografia que revelam cenários de vida, paisagens urbanas, memórias e  afetos, com vistas à superação da invisibilidade de populações estigmatizadas, fortalecendo o protagonismo, a construção da cidadania e a inserção na economia solidária a partir da criação de uma associação.  As fotos já foram exibidas em diversos espaços culturais e integram um livro.
Semíramis Vedovatto, representante do CFP no Conselho Nacional de Saúde, coordenou a roda de conversa e destacou que a proposta da autarquia é trabalhar e sensibilizar para um novo jeito de produzir saúde mental, pensando em um modelo biopsicossocial. “Existem resultados excelentes com ioga, com floral, com meditação. Uma prática não medicalizante, muitas vezes, produz efeito muito melhor do que um remédio que entorpece os sentidos”, defendeu.
Confira o vídeo sobre a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=4CgpbzbFMUg&feature=youtu.be

segunda-feira, 23 de maio de 2016

CARTA ABERTA EM DEFESA DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS

A “CARTA ABERTA EM DEFESA DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS” surge como manifestação nacional que busca garantir as conquistas das políticas públicas sociais e é assinada por representações de trabalhadores, gestores e usuários do SUAS, movimentos sociais, entidades sindicais, universidades, associações civis, entidades e organizações de assistência social, grupos de estudo e pesquisa, movimentos dos trabalhadores rurais.
Diante do cenário de instabilidade instaurado no Brasil após o processo de impeachment da presidenta e dos anúncios que vêm sendo realizados pelo presidente em exercício e equipe ministerial, que indicam para a focalização das políticas sociais e redução da responsabilidade e participação do Estado na sua condução e oferta, com a redução das políticas de seguridade social, as entidades sociais que subscrevem esta carta vem a público se manifestar contrariamente a este projeto.
O que está em jogo é a atuação da política pública de assistência social voltada para crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, população de rua, povos e comunidades tradicionais, entre outros segmentos da população em situação de vulnerabilidade social e violações de direitos. A Política Pública de Assistência Social e o SUAS são conquistas do povo brasileiro, frutos da luta, do trabalho e da participação de atores governamentais, agentes públicos, movimentos sociais e sociedade civil para sua construção e operacionalização.
Não aceitaremos retrocessos, não compactuaremos com práticas antidemocráticas, não aceitaremos a diminuição da participação social e da responsabilidade do Estado na gestão e na oferta da política pública. Não aceitaremos o não cumprimento de nossa Constituição Federal.
O lançamento de uma Carta Aberta é a primeira de muitas ações ocorrerão no próximo período em defesa das Políticas Sociais. Ante qualquer ataque aos direitos conquistados, a frente ampla em defesa do SUAS que vai se fora mando reagirá a altura. 
A Carta Aberta será lançada hoje,  dia 23 de maio de 2016, primeiro dia do Encontro Nacional do Colegiado Nacional dos Gestores Municipais de Assistência Social – CONGEMAS, que este ano acontece em Brasília, até o dia 25, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com público esperado de 2.500 pessoas, entre parlamentares, gestores e trabalhadores do SUAS, em sua maioria, além de usuários do SUAS e especialistas da área. Durante a abertura do encontro, às 18h, será distribuída a versão impressa da Carta aos participantes.
A mobilização continuará por meio de outros atos públicos e da divulgação da carta pelas mídias e redes sociais. Outras informações, bem como adesão à assinatura da Carta, podem ser acessadas aqui no site do Mais SUAS (www.maissuas.com.br ou email maissuas@gmail.com).